sábado, 8 de setembro de 2012

Bananal : tempo, espaço e turismo


Quem chega a Bananal (Estado de São Paulo, próximo à divisa com o Estado do Rio de Janeiro) volta no tempo, entrando no mundo das “Cidades Mortas” evocadas por Monteiro Lobato, onde, nos tempos de glória, o Império ia buscar, junto aos barões do café, aval para seus polpudos empréstimos aos bancos ingleses.
O café se dera relativamente bem no Rio de Janeiro e era plantado na Baixada Fluminense utilizando técnicas agrícolas predatórias que esgotavam o solo. A constante necessidade de novas terras levou à subida do planalto, rumando para o sul, à procura de áreas virgens. Assim, as plantações que chegaram a Bananal (e também às suas vizinhas São José do Barreiro e Areias), durante algumas décadas, criaram muita riqueza. Quando as terras começaram a se esgotar, a fronteira agrícola foi avançando em direção ao interior paulista.
Bananal nasceu de uma capelinha erguida em 1783, mas consolidou-se como município em 1832. Durante o ciclo do café, tornou-se, por volta da metade do século XIX, a maior produtora brasileira do chamado “ouro negro”; a região era responsável por aproximadamente 50% de toda a produção nacional! A zona rural da cidade foi ocupada por fazendas com belíssimas “casas grandes”, decoradas por seus abastados proprietários com móveis franceses, tapeçarias belgas, pratarias, mármores, lustres de cristal e finas louças trazidas da Europa. A riqueza do café pagava tudo: Bananal chegou a cunhar sua própria moeda.


ESTRADA DE FERRO BANANAL-BARRA MANSA.

A história dessa estrada é interessante. Nascida da iniciativa conjunta dos fazendeiros, no final da década de 1870, demorou muito para ser construída e só foi inaugurada em 1888. Tarde demais! A região, cuja prosperidade durara apenas 50 anos, de 1836 até 1886, já estava em decadência quando a estrada foi concluída. Os trilhos foram simplesmente desmontados e levados embora quando o governo Jânio Quadros mandou desativar ramais secundários, como era o caso do Ramal Bananalense, de 28km, que já no começo do século XX se tornara deficitário. Desativada em 1964, a estação foi tombada pelo Patrimônio Histórico em 1969. Por iniciativa dos habitantes, foi recuperada (felizmente sem muita dificuldade, já que o ferro belga galvanizado é muito resistente) e aproveitada pela Prefeitura como centro de informação turística. 
É uma pena que essa linha, que hoje poderia ter grande importância na implantação de um “turismo ferroviário” (como o que existe entre São João del Rey e Tiradentes, em Minas Gerais), já não exista. Que delícia seria percorrer, em um trenzinho puxado por uma Maria Fumaça, as lindas paisagens entre Bananal e Barra Mansa!










Quem conhece “de fio a pavio” a história dessa estrada de ferro (e também da cidade) é Seu Plínio, um ícone de Bananal. Ele se lembra de quando a estrada Rio-São Paulo passava em frente à Pharmacia Popular, que pertence à sua família desde 1922. “ Bananal era outra coisa ”, diz ele. ” Depois fizeram a Dutra e a cidade parou do dia para a noite ”. Ele conta também sua luta, como prefeito de Bananal na época, para preservar a estação belga que, por pouco, não foi transformada em sucata. A farmácia de Seu Plínio é, aliás, uma das atrações de Bananal, muito curiosa e de grande valor histórico.




Fundada em 1830 por um farmacêutico francês, é a mais antiga do Brasil em funcionamento, cuidadosamente preservada, com piso de mosaicos franceses, balcões em pinho de riga, antigos frascos, caixa registradora do tempo do onça, balanças de precisão e outros aparelhos utilizados na preparação de remédios, móveis e compêndios de medicina, a maior parte em francês. 



Ela podia ser visitada por dentro, e o próprio Seu Plínio servia como guia. A módica contribuição solicitada é revertida nas despesas de conservação desse verdadeiro museu que, lamentavelmente, não conta com patrocínio nem apoio do governo. 
O Sr. Plínio Graça faleceu e a sua querida Pharmacia Popular tende a desaparecer com a perda do seu precioso acervo de valor histórico único entre as farmácias brasileiras.Uma perda irreparável.
Apenas o prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico.
Visite antes que acabe! 



Plinio Graça


A FAZENDA RESGATE


Nas redondezas de Bananal, pode ser visitada a Fazenda Resgate, uma das maiores do ciclo do café. Era onde o imperador D. Pedro II se hospedava quando visitava a região. Seu proprietário Manoel de Aguiar Vallim, falecido em 1878, foi um dos homens mais ricos do Brasil. Restaurada em 1970, continua sendo enriquecida com móveis e objetos de época. A fiel reconstituição de época faz com que a fazenda seja constantemente utilizada como cenário de filmes e de novelas da TV Globo, dentre elas, a recente versão de “Cabocla”, onde a Resgate pertence ao personagem Justino, interpretado por Mauro Mendonça.
Em razão de sua proximidade com a Serra da Bocaina, Bananal atrai também um público voltado para o turismo ecológico e caminhadas por suas trilhas, cheias de cascatas e paisagens de grande beleza natural. É possível percorrer trechos pavimentados com pedra da antiga Trilha do Ouro na Mata Atlântica.






Onde se hospedar
Certas fazendas históricas antes habitadas pelos barões do café estão em lamentável estado, enquanto outras, bem conservadas, foram transformadas em hotéis. Se você considerar que no valor das diárias estão incluídas refeições, verá que os preços são razoáveis pelo conforto que oferecem. Os hóspedes são alojados na própria sede da fazenda ou em chalés vizinhos. As opções de lazer são variadas, de banhos de piscina ou de cachoeira a caminhadas e passeios a cavalo. Você pode sentar-se na varanda e saborear um café, vendo a tarde cair, como faziam os barões nos tempos do Império... Apesar de antigas, as fazendas oferecem conforto moderno aos seus hóspedes, quartos com banheiros privativos e boa comida.
Hotel Fazenda Boa Vista Data de 1780 e é tão tradicional quanto a Resgate. Por isso mesmo, também foi utilizada como cenário na novela “Cabocla”, desta vez como a casa do fazendeiro Boanerges, interpretado por Tony Ramos. A Boa Vista nos tempos de glória dos barões do café era uma mini-cidade com várias outras construções (que foram posteriormente demolidas), como uma capela e uma marcenaria. Os belos móveis de seus salões foram confecionados com madeira de lei na própria fazenda por artesãos habilidosos. Sua transformação em hotel, com quartos dotados de todo conforto (TV a cabo, telefone, frigo-bar), não a descaracterizou. A velha marcenaria foi transformada em restaurante. As antigas louças, feitas na Europa especialmente para o Barão de Caxias, com o brasão da família, não são utilizadas, mas podem ser vistas nos armários do salão. Possui diversas opções de lazer. A 11 km de Bananal. Rodovia dos Tropeiros, Km 11. Tel. (12) 3116-1539. Diária com pensão completa para duas pessoas: R$ 180.www.hotelfazboavista.com.br  

Outras dicas: Fazenda Tres Barras, Fazenda dos Coqueiros,Fazenda Independência

Na cidade existem boas pousadas como a tradicional Pousada DK.

AGUA MINERAL 
Fontes de água mineral de ótima qualidade ocorrem na região.Há exploração de fontes cuja água é envasada e vendida nos mercados do Rio de Janeiro e São Paulo.

ARTESANATO
Uma das fontes de renda regional.
O croche em barbante tem fama internacional.
Comidas caseiras, doces em compotas, licores, cachaças artesanais etc.

VISITE BANANAL UM DOS MELHORES PONTOS TURISTICOS DO MÉDIO VALE DO RIO PARAIBA DO SUL.







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